Prezada irmã, bom dia.
Uma vez um senhor sábio me disse uma frase que demorei muito para compreender; mas que no final percebi o quanto de inteligência havia ali. Ele falou "as coisas de Deus a gente só entende depois".
Parece uma bobagem e até um contra-senso; mas é interessante quando observamos que muitas coisas que acontecem em nossas vidas não parecem ter sentido ou objetivo e que, as vezes até anos depois, vamos compreender o motivo de aquilo ter acontecido.
Acredito, em minha simples opinião, que este fato que você e sua família vivenciam seja um exemplo disso.
Embora entristecidos pelo fato do aborto, não podemos deixar de perceber as fatos de engrandecimento e crescimento que advieram deste fator, tais como: maior união entre os familiares, maior compreensão para com problemas alheios, descoberta de forças onde não se acreditava ter, descoberta de uma fé bem alicerçada em Deus, aumento do companheirismo e carinho entre você e seu cônjuge, entre outros.
Perceba assim, minha irmã, que de um "mal" Deus sempre tira um Bem; é como nos diz a mensagem oitava do capítulo 6 contida em "o evangelho segundo o espiritismo", a qual transcrevo uma parte abaixo:
"Deus consola os humildes e dá força aos aflitos que a suplicam. Seu poder cobre a Terra e, por toda parte, ao lado de cada lágrima põe um bálsamo."
Desta forma busquemos compreender o abortamento em questão não apenas como a perda de um ente querido, mas sim como uma oportunidade de renovação e transformação de nossas perspectivas, possibilidades e, porque não, vidas...
Lembremo-nos sempre que, como afirmado em "o livro dos espíritos" questão 355, 356 e seguintes, o Abortamento ocorre pelos pais tanto quanto pelo espírito reencarnante; então percebemos assim a necessidade de que são portadores para que aprendessem a valorizar, abençoar e verdadeiramente compreender a importancia de uma vida no útero.
Podemos supor que num passado, próximo ou distante, não pudemos valorizar o quanto deveríamos e que hoje, já mais maduros e em tempo e condições de aprender, recebemos a oportunidade do ensino que marca em nossos corações e para sempre, nos deixando profundamente conscientes do valor da vida de uma criança.
Para o espírito que parte também se faz importante este acontecimento; pois o mesmo tem a oportunidade de deixar no corpo físico deformações e problemas perispirituais, bem como de completar na carne algum tempo que seja necessário para sua passagem a um novo estágio.
Assim, minha irmã, percebemos novamente a misericórdia do Criador quando nos dá a oportunidade de, através de nosso sofrimento, aliviarmos o fardo de outro ser, auxiliando assim na sua libertação de problemas e sofrimentos que são "lavados" de seu espírito neste momento.
A sabedoria divina não se engana, querida irmã, e muitas vezes não compreendemos os desígnios necessários a que somos chamados pois normalmente desejamos sempre a felicidade e tranquilidade, esquecendo da necessidade que temos da dor e sofrimento como instrumentos de aprendizado e regerenação; Estes momentos representam o remédio amargo que cura a doença.
E Deus, como todo bom pai, sabe que as vezes é necessário o remédio amargo, para mais tarde colhermos os momentos de amor.
Não se deixe levar pelo desespero ou tristeza imensa que pode levar a depressão; mas ao contrário se dedique ao seu parceiro e a sua felicidade; trabalhe pelo bem do próximo e visite orfanatos e creches. Preencha seu coração com o carinho e amor dos que necessitam tanto ou mais que você e, certamente, com o tempo será agraciada com nova oportunidade.
Mantenha viva a chama do amor através do trabalho de amor ao próximo.
Jesus seja contigo sempre.